quarta-feira, 16 de março de 2011

As folhas do Cedro

Ontem, vi o espetáculo "As folhas do Cedro" no Memorial da América Latina, de Samir Yazbek. Em minha mente, fiz uma conexão com o livro "Dois Irmãos" de Milton Hatoum, mas o limite da ligação foi apenas o cenário amazonense e estrangeiros nessa terra. A história é outra, apesar de também ser de sonhos, esperanças e desilusões. A forma de contar é deliciosa.

Yazbek nos transporta para a mente da narradora, uma filha de imigrantes libaneses que busca sua identidade. Sua imaginação é produzida com luz adequada e um círculo feito de areia ou cal no centro do palco por onde passam os personagens da história. Às vezes, dentro. Às vezes, fora do círculo. Eles apresentam seus sonhos de construir uma estrada por dentro da floresta amazônica unindo o país, o sonho de ter o marido de volta, o de ser reconhecida como mulher, o de pertencer à terra, às desilusões de sair do lugar de origem, de não ser mais amada, de não ter o carinho do pai na infância, da solidão.

Toda a encenação é costurada por detalhes e o maior deles é a criança de vestido branco que em certo momento entra no palco e participa, dança, senta-se e fica imóvel, à espera de atenção, do amor do pai que ela não conviveu.

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